Até que chegou o momento, que as crises ficaram mais intensas, e fui atrás de auxilio médico, passei por 5 equipes médicas, perdi 18kg, até AIDS ouvi dizer que poderia ser o caso, detalhe que por hábito e por já ter trabalhado na área de saúde faço exame de sorologia 1x ao ano desde a época que cursei enfermagem. Até que conheci um senhorzinho bem de idade, que em uma conversa de mais de 1hr, em seu consultório e após todos os meus relatos o mesmo me olhou e falou: “você tem uma doença inflamatória intestinal e temos que descobrir qual é para tratar…”, dias depois, fiz a minha primeira colonoscopia e em abril/2011 descobri que tinha Retocolite Ulcerativa (RCU). Comecei o tratamento com mesalazina e corticoide, após algum tempo foi retirado o corticoide e fiquei apenas com a mesalazina e fui melhorando e levava uma vida bem normal para os padrões de portadores de DII. Em meados de set/2014 deu-se inicio a uma nova crise, na época gestante de 5 mês do Luiz, por erro ou falta de conhecimento médico, foi suspenso meu tratamento medicamentoso, até que meu filho nascesse, e a RCU foi se agravando, tive anemia grave, fazia reposição de ferro semanalmente, quando Luiz nasceu fiquei bem mais debilitada, perdi cerca de 22kg em 45 dias pós parto, sendo que havia engordado cerca de 12kg ao todo. Meses depois começou a luta de idas e vindas do hospital, em um período de 11 meses, fiz exatos 9 internamentos, transfusões sanguíneas, medicamentos e mais medicamentos, tive todos os tipos de intercorrências ligadas a RCU. Cheguei a um período do qual eu tomava em torno de 25 comprimidos diários e fazia reposição de ferro 2x a semana. Tomei de uma única vez, dose máxima de Mesalazina (logo após desenvolvi reação alérgica), Pentasa Supositório, Azatioprina (desenvolvi linfonodomegalia reacional, cervical, axilar, e pélvica), Corticoide (me tornei corticoide-dependente, e desenvolvi Diabetes Medicamentosa), Metronidazol, Ciprofloxacina, Vit D, Cálcio, Buscopan, Escitalopram, Ciclobenzaprina, Dipirona, Paracetamol, Neosaldina e Tramal Retard. Detalhe tomava tudo isso em um único dia. Até que para o Vedoluzimab, comecei as infusões em 26/11/2016, e gradativamente os medicamentos foram retirados, alguns quando apresentava alguma reação adversa, outros porque meu organismo já não tinha mais resposta medicamentosa a eles. Dieta alimentar, exercícios físicos, acompanhamento psicológico, terapeuta, e muita força de vontade para sair dessa situação. No dia 29/07/2017 realizei mais uma colonoscopia e endoscopia de rotina e sai de lá com o laudo mais lindo que eu poderia ver desde o inicio dos sintomas da Retocolite. Intestino limpo, como se fosse de uma jovem atleta, sem sinais da doença, Scala de May grau 0 (para quem já teve grau 7/8), é mais que uma vitória. Agora é só manter as atividades físicas e o tratamento que não é nada legal (mas fica para próxima), e seguir a vida, tentar recuperar o tempo perdido, e viver como se não houvesse amanhã.
Lo Prado
Presidente da Associação Paranaense de Portadores de Doenças Inflamatórias Intestinais – APARDII
Membro da Diretoria DII Brasil