Diante de todas estas evidências, os pesquisadores enfatizam que estudos futuros são necessários para determinar o efeito global dos emulsificantes. Porém, é possível concluir que existe uma importante interação entre emulsificantes, metabolismo, obesidade, barreira intestinal e inflamação de baixa intensidade. Será que o seu consumo é mesmo recomendado? Você ingere muitos estabilizantes? Como eu sempre gosto de destacar, quanto menos embalagem no seu alimento, melhor.
– Faça de alimentos in natura ou minimamente processados, em grande variedade e predominantemente de origem vegetal, a base de sua alimentação.
– Utilize óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades ao temperar e cozinhar alimentos e criar preparações culinárias.
– Limite o uso de alimentos processados, consumindo-os, em pequenas quantidades, como ingredientes de preparações culinárias ou como parte de refeições baseadas em alimentos in natura ou minimamente processados.
– Evite alimentos ult
raprocessados.
A regra de ouro que facilita o atendimento das quatro recomendações é simples como devem ser as regras de ouro: prefira sempre alimentos in natura ou minimamente processados e preparações culinárias a alimentos ultraprocessados.
Exemplificando, opte por água, leite e frutas em vez de refrigerantes, bebidas lácteas e biscoitos recheados. Prefira comida “feita na hora” (caldos, sopas, saladas, molhos, arroz e feijão, macarronada, refogados de legumes e verduras, farofas, tortas) no lugar de produtos prontos que dispensam preparação culinária (sopas “de pacote”, macarrão “instantâneo”, pratos congelados prontos para aquecer, sanduíches, frios e embutidos, maioneses e molhos industrializados, misturas prontas para tortas). Fique com sobremesas caseiras, dispensando as industrializadas.
Outra característica relevante do Guia Alimentar é basear suas recomendações em padrões de alimentação efetivamente praticados por uma parcela substancial da população brasileira, aquela que ainda usa como base de sua alimentação os alimentos in natura ou minimamente processados e preparações culinárias feitas com esses alimentos.
O Guia Alimentar dá grande importância às formas pelas quais os alimentos são produzidos e distribuídos, privilegiando aqueles cuja produção e distribuição seja socialmente e ambientalmente sustentável, como os alimentos orgânicos e de base agroecológica.
Destaque especial é dado também às circunstâncias que envolvem o ato de comer, aconselhando-se regularidade e atenção, ambientes apropriados e, sempre que possível, o comer em companhia. Os benefícios são explicados em detalhe no Guia Alimentar: melhor digestão e aproveitamento dos alimentos, controle mais eficiente do quanto se come, mais oportunidades de convivência com familiares e amigos, maior interação social e, de modo geral, mais prazer com a alimentação.
“O Guia Alimentar para a População Brasileira contém recomendações que trazem benefícios para as pessoas, para a sociedade e para o planeta”, destaca Carlos Augusto Monteiro, professor titular de Nutrição e Saúde Pública da Universidade de São Paulo e responsável pela orientação da equipe técnica que elaborou o Guia Alimentar.
O capítulo final do Guia Alimentar antecipa os obstáculos que podem impedir a adoção de suas recomendações pelos brasileiros – oferta e preço de alimentos in natura ou minimamente processados, falta de habilidades culinárias, falta de tempo e publicidade de alimentos ultraprocessados – e trata das ações necessárias para superar esses obstáculos, seja no âmbito pessoal ou familiar, seja no âmbito do exercício da cidadania.
“No Brasil, e em muitos outros países, a transmissão de habilidades culinárias entre gerações vem perdendo força”, admite Patrícia Jaime, Coordenadora de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde e responsável pela coordenação geral do projeto de elaboração do Guia Alimentar. Por isso, o Guia Alimentar dedica uma parte importante de suas recomendações à valorização do ato de cozinhar, ao envolvimento de homens e mulheres, adultos e crianças nas atividades domésticas relacionadas ao preparo de refeições e à defesa das tradições culinárias como patrimônio cultural da sociedade, conclui Patrícia.
As recomendações do Guia Alimentar são resumidas em “Dez Passos para uma Alimentação Adequada e Saudável”:
- Fazer de alimentos in natura ou minimamente processados a base da alimentação;
- Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades ao temperar e cozinhar alimentos e criar preparações culinárias;
- Limitar o consumo de alimentos processados;
- Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados;
- Comer com regularidade e atenção, em ambientes apropriados e, sempre que possível, com companhia;
- Fazer compras em locais que ofertem variedades de alimentos in natura ou minimamente processados;
- Desenvolver, exercitar e partilhar habilidades culinárias;
- Planejar o uso do tempo para dar à alimentação o espaço que ela merece;
- Dar preferência, quando fora de casa, a locais que servem refeições feitas na hora;
- Ser crítico quanto a informações, orientações e mensagens sobre alimentação veiculadas em propagandas comerciais.