Transplante de fezes poderá ajudar no tratamento de novas doenças
O transplante de fezes é alternativa para curar doenças intestinais
O transplante de fezes é a alternativa que promete fazer uma grande revolução na vida de muitos pacientes. Pode parecer estranho, mas na França essa medida que já ajuda no combate da bactéria Clostridium difficile, responsável por provocar fortes diarreias e dores de barriga, poderá servir também para cuidar do organismo que sofre de doenças digestivas mais graves.
A pratica que envolve fezes já é reconhecida pela Agência Nacional de Medicamentos francesa desde 2013, e faz parte dos procedimentos normais em 30 hospitais do país. A técnica funciona a partir do recolhimento de amostras de cerca de 100 bilhões de microrganismos que fazem parte da flora intestinal de pessoas saudáveis e, com isso, é realizada a introdução dessas substâncias no tubo digestivo dos doentes.
Com um resultado eficaz, estima-se que a taxa de cura para quem sofre com a bactéria Clostridium é de 90%.
“Na prática, usamos as fezes de um doador, que será selecionado. Essa é a etapa mais complicada: achar o bom doador. Vai depender de sua história, seus antecedentes, dos remédios que toma. Depois faremos vários exames, para procurar agentes infecciosos no sangue e nas fezes”, conta o gastroenterologista francês Harry Sokol, fundador do Grupo Francês do Transplante de Fezes em entrevista à agência RFI.
Depois disso, as fezes são misturadas ao soro fisiológico e os resíduos são filtrados. O resultado pode ser usado na mesma hora, ou congelado a uma temperatura de -80º. Assim, o transplante pode ser feito por meio de uma colonoscopia ou sonda que vai até o duodeno e deposita o conteúdo.
Atualmente, é preciso que a pessoa seja internada para receber a substância, mas a ideia é que, em breve, o tratamento seja uma questão ambulatorial. De acordo com o especialista, o método é bem aceito pela população que, inclusive, costuma solicitar o tratamento
Outras doenças
Novas pesquisas revelam que o tratamento poderá ser usado para curar patologias como a doença de Crohn, que é conhecida por um inflamação grave no intestino , capaz de causar necrose e é mais comum em jovens.
A novidade já está sendo testada e os médicos estão animados para que as respostas ao transplante sejam positivas.
“Teremos os primeiros resultados dos estudos no fim do ano. Mas, infelizmente, embora as pesquisas mostrem um resultado positivo no caso da doença de Crohn, para que o tratamento seja validado e possa ser usado no cotidiano precisamos de tempo”, pondera o gastroenterologista.
E essa não é a única condição que poderá receber esse tratamento. Outros 155 estudos relacionados à flora intestinal estão sendo feitos no mundo envolvendo outras doenças, como diabetes, obesidade, síndrome do intestino irritável e efeitos da quimioterapia no intestino ou patologias autoimunes.
Fonte: MeioNorte