O momento ideal para a gravidez será quando a doença estiver em remissão
O uso de medicamentos durante o período de concepção e gravidez é causa de grande preocupação para médicos e pacientes, sendo assim, o melhor momento para uma mulher com DII engravidar será quando a doença estiver em remissão por pelo menos 3 – 6 meses. Importante ressaltar que, além de não estar com a doença ativa, não é aconselhável engravidar ao iniciar uma nova medicação, pois pode aumentar o risco de ter um bebê prematuro ou com um baixo peso ao nascer.
Tendo em vista o risco aumentado para a mãe e para o feto em caso de reativação da doença durante a gestação, a maioria dos tratamentos deve ser mantida nos casos em remissão, pesando-se os riscos e benefícios.
Muitas medicações para DII demonstram causar risco mínimo à gravidez (veja abaixo)
Medicações:
Para que um medicamento seja claramente associado a anomalias congênitas, tal anomalia deve ser vista repetidamente − fenômeno não demonstrado com qualquer medicação para doença inflamatória intestinal, exceto metotrexato e talidomida, ambos contraindicados durante a gravidez e o aleitamento. A maioria dos medicamentos utilizados para o tratamento da DII é compatível com a gravidez.
A reativação da doença durante a gravidez pode ser muito mais deletéria para o feto do que qualquer risco potencial da medicação.
▪ Aminosalicilatos (5-ASA): Azulfin® (sulfassalazina), Mesalazinas – Pentasa®, Crohn-ASA®, Mesacol®, Mesacol MMX®:
São utilizados tanto para a remissão quanto para a manutenção da remissão. Pacientes em uso de 5 – ASAs estão em geral seguros durante a gravidez e o período de amamentação. Não parecem aumentar complicações ou prejudicar o feto. A sulfassalazina pode causar náuseas e azia. Como a sulfassalazina diminui os níveis de ácido fólico, as mulheres devem tomar pelo menos 2 mg de ácido fólico diariamente.
O uso desses medicamentos durante a lactação tem sido associado à diarreia em crianças; por isso, as pacientes devem ter cuidado durante a amamentação.
▪ Corticosteroides: Hidrocortisona, prednisona, metilprednisolona
Os corticosteroides podem ser usados durante a gestação para controle de doença ativa, preferindo-se aquele mais metabolizado pela placenta, como a prednisona. Deve-se tomar cuidado com o possível aparecimento do diabetes.
▪ Imunomoduladores: Azatioprina (Imuran®), 6-mercaptopurina (6-MP, Purinethol®) e ciclosporina (Sandimmun Neoral®), parecem de baixo risco durante a gestação em dosagens padrão.
A maioria dos estudos é a favor da manutenção da droga durante a gravidez, porém uma paciente que nunca usou azatioprina/6-mercaptopurina não deve fazê-lo pela primeira vez durante a gravidez, uma vez que o risco de leucopenia e pancreatite é imprevisível.
O metotrexato é teratogênico*1, estando formalmente contraindicado na gestação.
*Chamamos de agente teratogênico tudo aquilo capaz de produzir dano ao embrião ou feto durante a gravidez. Estes danos podem se refletir como perda da gestação, malformações ou alterações funcionais (restrição de crescimento, por exemplo), ou ainda distúrbios neuro-comportamentais, como retardo mental.
▪ Biológicos: A maioria dos produtos biológicos, como o Infliximabe (Remicade®) e o adalimumabe (Humira®), são considerados de baixo risco. Eles também não aparecem no leite materno. No entanto, tanto adalimumabe e Infliximabe por atravessarem a placenta em níveis elevados no final da gravidez, o seu médico pode prescrever a última dose para até o meio do terceiro trimestre. Certolizumabe (Cimzia®) pode ser continuado durante toda a gestação.
Devido à detecção de infliximabe no feto até os 6 meses de vida, a vacinação contra BCG no neonato exposto ao anti-TNF durante a gestação deve ser postergada após os 6 meses pelo risco de tuberculose disseminada.
▪ Antibióticos: Se possível, estes devem ser evitados durante a gravidez. O metronidazol atravessa a placenta. Foi considerado carcinogênico em ratos, não devendo ser usado no primeiro trimestre da gestação. No segundo e terceiro trimestres, deve se restringir a casos em que os benefícios compensem os riscos. Embora não venham sendo relatados efeitos adversos em relação ao uso da ciprofloxacina, sua utilização durante a gravidez deve ser evitada, pois fluoroquinolonas têm sido associadas à toxicidade da cartilagem em estudos em animais, e a artralgias/tendinite em estudos em humanos.
Amamentação
Para nutrizes, o Consenso de Toronto sugere, com base em evidências de qualidade muito baixa, que aminossalicilatos, corticosteroides sistêmicos, tiopurinas e anti-TNFs não devam influenciar na decisão de amamentar e que a amamentação não deva influenciar na decisão de usar esses medicamentos. Ainda com base em evidências de qualidade muito baixa, nutrizes devem evitar o uso de metotrexato. O metronidazol também não deve ser utilizado durante a amamentação.
Sem ansiedade e com segurança
Converse com o médico que cuida da sua DII sobre planejamento familiar, sobre gravidez e amamentação, pois ele tem mais experiência sobre o uso das medicações utilizadas no tratamento das DIIs durante a gestação e amamentação. Compartilhe com ele todas as suas dúvidas! O médico que cuida da sua DII e o obstetra devem manter um bom diálogo sobre o seu tratamento durante a gestação e amamentação.
Decisões compartilhadas e informação correta irão proporcionar uma gravidez e amamentação seguras e sem ansiedades.
Fontes:
Crohn’s and Colitis Foundation
Tratamento da doença de Crohn durante a gravidez
Leia mais: www.farmale.com.br/category/maternidade/
Vídeo: www.farmale.com.br/tratamento-doenca-inflamatoria-intestinal-gravidez/