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Tratamento da DII: entenda a importância da adesão

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PANEL 1 – CONHECER: Tratamento da DII: entenda a importância da adesão. Dra. Marta Brenner Machado

Fazer um tratamento adequado das doenças inflamatórias intestinais é importante para que o quadro se mantenha controlado, proporcionando o máximo de bem-estar ao paciente. Durante o painel CONHECER, realizado no 7º congresso da ALEMDII, a convidada Dra. Marta Brenner Machado, gastroenterologista e presidente da Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn (ABCD), explica qual é a verdadeira importância de cuidar das DIIs.

Abaixo, descubra como um cuidado multidisciplinar ajuda a melhorar a convivência com a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa.

Existe vida pós-diagnóstico

O diagnóstico assusta, mas recebê-lo não significa que a vida parou por ali. Portanto, é bom ter em mente que a doença bem tratada e manejada pode fazer com que a vida siga normal.

“Temos que ter essa visão ampla de quem é o meu paciente, onde está a doença dele, qual sintoma ele tem. Então, eu vou escolher uma terapia para esse paciente e começa o meu enorme papel de falar uma linguagem que entendam da gravidade ou não. Às vezes a doença é leve”, tranquiliza a gastroenterologista.

O tratamento começa no momento em que o paciente sai do consultório médico. É o momento em que a consciência de adesão a esses cuidados deve ser iniciada, de acordo com Machado. “Ou a gente fica assistindo TV em um sofá e não faz nada ou vai para a luta, usa uma bonita maquiagem e vai trabalhar, vai fazer ginástica, vai tomar o remédio e a vida que segue e é assim que tem que ser. Isso é a adesão ao tratamento”.

A jornada precisa de persistência

Assim como qualquer processo de mudança de hábitos, a adesão ao tratamento das DIIs também precisa de persistência e constância para que as enfermidades se mantenham controladas. A médica diz que a jornada é longa e a doença é, sim, desafiadora. Por isso, no início dos sintomas, é importante explicar ao profissional como era o funcionamento do intestino antes e como é agora. Tudo isso irá ajudar no diagnóstico correto e na identificação de pacientes com potencial gravidade da doença, dando a cada um tratamento individualizado.

Mesmo que a doença de Crohn e retocolite ulcerativa não tenham cura, é possível entrar em remissão dessas enfermidades. Ou seja, não sentir dor, diarreia ou sintomas. Dessa forma, é possível viajar, namorar, ir às festas e, principalmente, tomar o remédio tranquilamente.

“O medo toma tanto conta que o paciente não consegue nem adesão ao tratamento, porque o sentimento domina seu emocional. Então, esse medo tem que ser mostrado para o médico e o médico tem que ajudar a diminuir isso”, diz Machado. Segundo a especialista, perguntas frequentes de pacientes aflitos nos consultórios são:

  • Vou ter uma vida normal?
  • Vou conseguir trabalhar, estudar e ter uma família?
  • Meus filhos têm risco de herdar essa doença ?
  • Vou precisar de cirurgia e ostomia?
  • Tenho risco de câncer?
  • Vou saber quando terei crise novamente?
  • Quais os efeitos colaterais dos remédios? Posso parar com os remédios?
  • Como vou saber se estou melhor?
  • Algum dia vou ficar curado?

 

“É muito importante a gente sair dessa onda do medo, de todos esses questionamentos que são completamente adequados e aos poucos acalmar nossos pensamentos dessas dúvidas. Aí, sim, vamos ter uma adesão do tratamento e sair da zona de inércia do medo”, pontua.

Faça por você

A médica ressalta que muito se esquece sobre como a condução do tratamento está nas mãos do próprio paciente. Ou seja, é preciso focar no real e fazer com que os hábitos e atitudes do dia a dia ajudem a melhorar a convivência com o diagnóstico de doenças inflamatórias intestinais.

Além disso, é essencial contar com a ajuda de uma equipe multidisciplinar, por exemplo, psicólogos, nutricionistas, preparadores físicos e, claro, ter um bom médico que conduza o tratamento com parceria e transparência. “Escolha uma equipe legal. Não gostou de uma que está? Não fica ali, procura outra. Existem milhares de opções de profissionais dispostos a ajudar, mas é preciso identificar aquele profissional que realmente é parceiro de vocês. Aí, sim, é feito o receituário, decidido qual é o seu tratamento e vamos ter ponto da adesão do tratamento”, diz a médica.

A Dra. explica que a adesão ao tratamento é algo complexo. É preciso saber dos fatores socioeconômicos, fatores relacionados ao tratamento, ao paciente e à doença de cada indivíduo, afinal, os exames e remédios das DIIs são caros, mas também podem ser encontrados através do Sistema Único de Saúde (SUS). Machado ainda pontua que o fator doença, médico e paciente precisam estar em completo equilíbrio para que a adesão aos cuidados seja feita de forma correta.

Por que a não adesão ocorre?

 Conheça alguns dos fatores relacionados a não adesão do tratamento em casos de retocolite ulcerativa:

  • Idade mais jovem;
  • Diagnóstico de colite esquerda;
  • Solteiros;
  • Dosagens de 3x ao dia;
  • Discordância com o médico;
  • Sexo masculino;
  • Quatro medicações concomitantes;
  • Negação da doença;
  • Esquecimento;
  • Não ver necessidade de uso quando da remissão;
  • Falta de relação no apoio profissional;
  • Falta de informação médica adequada;

 

 

Já no caso exclusivo de tratamento medicamentoso, os motivos também abrangem não se importar em ficar melhor, medo de tornar-se dependente do remédio, acreditar que o medicamento não ajuda ou não é necessário e achar que o remédio tem gosto ou cheiro ruim.

Como diminuir a resistência?

Uma dica sugerida pela Dra. Marta Brenner Machado é usar lembretes para não perder o horário dos remédios. Quanto à falta de apoio profissional, procurar outros profissionais é sempre uma opção para o paciente. Além disso, alguns remédios podem ser encontrados, como já citado, no SUS.

É importante quebrar essas barreiras que impedem o tratamento de acontecer. “O ruim [a doença] a gente tem, mas a gente consegue fazer ela ficar ‘boa’ quando buscamos por isso. Quando não fazemos o tratamento, já acordamos chateados e isso só vai ladeira abaixo, porque só piora [o diagnóstico]”, alerta Machado.

Um outro ponto importante em prestar atenção são as fake news ao redor do tratamento das DIIs. Com o conhecimento prévio e fáceis de encontrar em navegadores, os pacientes já chegam ao consultório sabendo muito das doenças. No entanto, nem toda informação disponível na internet é verídica, por isso, é sempre essencial confirmar qualquer questão com o médico responsável pelo caso.

Por fim, a gastroenterologista explica que a correta decisão compartilhada deve acontecer no consultório, ou seja, avaliação individualizada e dúvidas esclarecidas, explicação de condutas e riscos, alinhamento de proposta terapêutica e outros fatores que façam com que a confiança entre profissional e paciente estejam fortes e saudáveis para combater os sintomas da doença de Crohn e retocolite ulcerativa.

Assista a palestra da Dra Marta Brenner Machado:

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