Após requalificação, unidades do Laboratório Farmacêutico de Pernambuco irão oferecer atendimentos como aferições de pressão e de dosagem de glicose
As farmácias do Laboratório Farmacêutico de Pernambuco (Lafepe) começaram a passar por uma reestruturação que permitirá uma ampliação do leque de serviços e uma mudança no perfil das unidades. Seguindo uma tendência nacional, as 35 unidades espalhadas pelo Estado passarão a ofertar consultórios farmacêuticos até o próximo semestre. Neles, sob o comando de farmacêuticos, será possível fazer atendimentos como dosagem de glicose, aferição de pressão e orientação sobre uso correto de medicamentos.
O primeiro passo para a remodelagem das farmácias foi dado com a requalificação física dos prédios. A ideia é fechar os ambientes com vidro e climatizá-los. As obras já começaram em algumas unidades do Recife e Região Metropolitana e uma licitação foi aberta para dar conta das demais que ficam na Zona da Mata, no Agreste e no Sertão. A concorrência tem valor estimado de R$ 456.280,45 e deve ser finalizada até o fim de março. As obras no Interior devem estar concluídas até o fim de junho para que o novo modelo saia do papel no início do próximo semestre.
Outra novidade é que todas as farmácias do laboratório passarão a ofertar serviços de ótica, quando somente cerca de 20 contavam anteriormente. Aquisições de lentes e armações em maior volume e mais modernas já foram iniciadas.
Em relação ao estoque de medicamentos nas unidades, que por vezes sofreu denúncias de desabastecimento, o diretor comercial do Lafepe, Djalma Dantas, afirmou que a situação está sendo normalizada e que uma licitação para aquisição dos produtos deve ampliar a cartela de drogas.
“Esta é a farmácia que o Ministério da Saúde determina: um prolongamento de uma unidade de saúde. Não é só um lugar de vender medicamento, mas também de orientação do paciente para um cuidado maior com a saúde”, disse Dantas.
O gestor explicou que, além das melhorias físicas nos prédios, os profissionais passarão por um treinamento articulado pelo Conselho Regional de Farmácia. O curso tem a proposta de reforçar a qualificação dos farmacêuticos para a orientação da população, como instruções sobre o uso de remédios prescritos pelos médicos, quais drogas podem ser usadas com outras e qual o melhor horário para se fazer o uso do medicamento.
“Existe um movimento de mudança na farmácia brasileira. Quando a gente diz isso é desde o estabelecimento até a atuação do profissional. A farmácia de cinco anos atrás não existe mais. Ela deixa de ser um mero comércio para ser um estabelecimento de saúde. Existe uma mudança muito grande de posicionamento e de comportamento das farmácias frente ao consumidor”, reforçou o pesquisador do Instituto de Pesquisa e Pós-graduação para farmacêuticos (ICTQ), Ismael Rosa, um dos responsáveis pelo Censo Demográfico Farmacêutico divulgado este ano. Esse novo protagonismo da prescrição farmacêutica e da atuação clínica, segundo ele, ajuda a desafogar unidades médico-hospitalares no SUS.
O relatório demonstra que, de 2015 a 2017, a categoria cresceu 24,6% em Pernambuco, totalizando 4.059 profissionais. O percentual coloca o Estado como o 11º no ranking de incremento de farmacêuticos no País. Os pernambucanos ainda demonstraram preferir farmácias para serviços básicos de saúde (79%) e a maioria disse confiar em obter receita ou prescrição de um farmacêutico direto na farmácia (64%).
A razão de profissional em relação à população é de 0,9 farmacêuticos por dois mil habitantes. Contudo, há uma distribuição bem desigual desses especialistas no território pernambucano. Enquanto a Capital soma 44%, o Interior agrega 66%. O censo ainda atualizou o número de estabelecimentos do Estado: são 4.277 farmácias e drogarias, número 0,4% maior do que em 2014.
Fonte: Folha Pe