A gravidez pode influenciar no curso da doença inflamatória intestinal
Para começar esse post, gostaria de lembrar da importância de fazer o planejamento familiar se você tem doença inflamatória intestinal (DII). O planejamento familiar deve ser assunto para a consulta com o médico que cuida da sua DII se você está em idade fértil e pensando em ter filhos.
A gravidez pode influenciar positivamente o curso da DII como um todo; com crescente paridade, a necessidade de uma eventual intervenção cirúrgica diminui. No mais, pacientes com gravidez prévia requerem poucas ressecções, com intervalos entre as cirurgias que tendem a ser mais longos, se comparados com mulheres pacientes de doença de Crohn (DC) que nunca tiveram filhos. Mães com DC também parecem ter menor índice de recaída nos anos que se seguem à gravidez em comparação aos anteriores.
Em torno de 1/3 de mães com DII vivenciaram um surto pós-parto, mas esse risco não é significantemente alto quando comparado ao risco de se ter um surto sem estar grávida. Um estudo prospectivo recente sugeriu que ao contrário de mulheres com DC, mulheres com retocolite ulcerativa são mais passíveis de terem maiores taxas de crises pós-parto, mas tais resultados requerem verificação. A causa dos surtos possivelmente se dá pela diminuição dos esteroides endógenos placentários, elevação da prolactina, que possui efeito pró-inflamatório, bem como o aumento de citocinas Th1 pró-inflamatórias (interleucina-12, fator de necrose tumoral-α, interferon-γ), inibidas pelos elevados níveis de estrogênio da gravidez.
Pacientes com anastomose de bolsa ileo-anal têm de 20 – 30% de chance de desenvolver distúrbios de função de bolsa (frequência intestinal aumentada e diminuição de continência) durante a gravidez e particularmente no terceiro trimestre. Essas alterações geralmente se resolvem completamente durante o puerpério.
Fontes:
– Braga, Antônio, Antunes, Samantha, Marcolino, Luciano, Moraes, Valéria, Duarte, Luciana de Barros, Accetta, André, & Leal, Rosilene Alves Teixeira. (2011). Doença inflamatória intestinal – Doença de Crohn e gravidez: relato de caso. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, 33(4), 196-204.
– C.J. van der Woude, S. Ardizzone, M.B. Bengtson, G. Fiorino, G. Fraser, K. Katsanos, S. Kolacek, P. Juillerat, A.G.M.G.J. Mulders, N. Pedersen, C. Selinger, S. Sebastian, A. Sturm, Z. Zelinkova, F. Magro, for the European Crohn’s and Colitis Organization (ECCO), The Second European Evidenced-Based Consensus on Reproduction and Pregnancy in Inflammatory Bowel Disease, Journal of Crohn’s and Colitis, Volume 9, Issue 2, February 2015, Pages 107–124
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