Gases não transmitem coronavírus, mas infecção é possível pelas fezes
Produzidos por alimentos não digeridos fermentados por bactérias, os gases intestinais expelidos pela via anal não são fonte de transmissão de vírus, afirma Leonardo Weissmann, infectologista do Hospital Emílio Ribas e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, acrescentando que não há nenhum indício de que isso possa acontecer no caso do Sars-CoV-2.
Decio Chinzon, presidente eleito da Federação Brasileira de Gastroenterologia, diz que não há nenhuma comprovação científica de que micropartículas de fezes possam ser espalhadas por meio dos gases, ao contrário do sugerido por perfis em redes sociais.
Ambos os especialistas dizem, contudo, que a transmissão do coronavírus por fezes é possível. Além de o vírus ter sido isolado nos dejetos humanos, cientistas chineses também mostram que ele pode permanecer ativo nos excrementos por até 30 dias.
Weissmann diz que, até o momento, não há notícia de transmissão do patógeno por meio das fezes, mas afirma que, para outras doenças, como a hepatite A, poliomielite (paralisia infantil) e rotavírus, a contaminação também ocorre pela via fecal-oral.
Chinzon acrescenta que a diarreia, seguida por náuseas, vômitos e dor abdominal, pode, em alguns casos, preceder os sintomas respiratórios da Covid-19. Em pacientes com quadro agravado da doença, manifestações intestinais têm levado a um período maior de internação.
“Se o indivíduo tem só a manifestação respiratória e tem aquele curso favorável da doença, de 5 a 7 dias ele acaba ficando melhor. Quando há o quadro digestivo associado, as internações são mais prolongadas”, afirma.
Nos casos de pessoas infectadas, a orientação do médico é desinfetar o vaso sanitário logo após o uso. A higiene das mãos é outro ponto importante para evitar a transmissão.
Fonte: Folha de SP (Géssica Brandino)