Dois posts compartilhados ontem geraram alívio para alguns e dúvidas para outros, por isso compartilho com vocês algumas considerações.
As informações compartilhadas não são diretrizes e podem ser atualizadas à medida que o conhecimento e a situação evoluem.
Lembrando que o novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China (Leia mais: www.farmale.com.br/coronavirus-e-doencas-inflamatorias-intestinais/) então, estamos lidando com uma doença descoberta muito recentemente, estudos estão acontecendo pelo mundo todo para entender melhor os mecanismos de infecção, respostas que os organismos estão dando, genética, interações medicamentosas e entre doenças pré-existentes, tratamentos…
Em pacientes de DII, e claro de diversas doenças, ainda não se pode ter certeza de quase nada, existem hipóteses e informações baseadas em infecções virais já existentes há mais tempo. São poucos os casos de pessoas com DII e covid-19 (acompanhem aqui https://covidibd.org/current-data/) e então, fica mais difícil criar diretrizes voltadas para esse grupo de pacientes. O que se tem de mais relevante, baseia-se na maneira que o novo coronavírus infecta células através da Enzima Conversora da Angiotensina 2 (ECA2) que podemos comparar com uma chave que o coronavírus utiliza para invadir as nossas células. Essa enzima está presente em órgãos como pulmão, fígado, intestino, rins, vasos sanguíneos.
Sendo assim, conforme compartilhado nos posts anteriores:
- Independente do tratamento, os pacientes com colite ulcerativa e doença de Crohn não têm maior risco de infecção com SARS-CoV-2 do que a população em geral.
- O risco de infecção com SARS-CoV-2 (coronavírus) é o mesmo em pacientes de DII e a população em geral.
A porta de entrada do vírus é a enzima conversora da angiotensina-2 (ECA2) que está presente em maiores concentrações no organismo de pessoas portadoras de hipertensão arterial, insuficiência cardíaca e aterosclerose, por isso esses pacientes sejam mais vulneráveis à infecção por Sars-Cov-2. Confirmado em estudos epidemiológicos mostram maior taxa de infecção pela Covid-19 nesses pacientes (já explicado aqui www.farmale.com.br/qual-relacao-ieca-e-coronavirus/).
No Estadão Saúde, especialista cita uma análise de mais de 46 mil pacientes infectados pelo novo coronavírus na China, que mostrou que as condições mais prevalentes foram hipertensão arterial (17%), doença cardíaca e cerebrovascular (16%) e diabete (9,7%). A prevalência dessas condições é maior em idosos, portanto, é possível que idade e doença cardiovascular atuem em conjunto para tornar os cardiopatas mais vulneráveis.
Observe então, após ler as informações acima, que pacientes de DII, até a data (26/03/2020) da publicação do IOIBD, têm os mesmos riscos de terem a covid-19 que a população que não tem DII.
Etiquetas de higiene e isolamento social #fiqueemcasa
Quanto aos medicamentos que conferem imunossupressão, continua o mesmo alerta para pessoas com DII, bons hábitos de higiene redobrados com lavagens das mãos com água e sabão, uso de álcool 70% quando não conseguir lavar as mãos e as etiqueta respiratória ao tossir e/ou espirrar. Importantíssimo manter o isolamento social, conversar com seu médico sobre os medicamentos que você está usando, sobre riscos e benefícios, somente ele pode definir o que é melhor para você. Não abandone nenhum tratamento sem consentimento do seu médico. Lembre-se que a covid-19 é uma doença muito recente e mudanças nas informações podem acontecer do dia para a noite.
Última consideração
Todas as informações que compartilho com vocês, não são achismos meus, são informações de fontes referências em DII. Nesses posts especificamente, a fonte é o IOIBD – International Organization For the Study of Inflammatory Bowel Disease. Os links das fontes de consulta sempre estão no final dos textos.
Dica de conteúdo sobre coronavírus
Recomendo que vocês assistam uma série de vídeos do meu amigo Anicet Okinga, que explicam de maneira bastante didática sobre a covide-19, medicamentos e outras doenças. Link: https://bit.ly/2R9JZsX
Anicet Okinga é Cirurgião-Dentista e Farmacêutico. Possui Mestrado e Doutorado em Fisiopatologia Clínica e Experimental pela UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Professor de Farmacologia. Atualmente é Pesquisador em Propriedade Industrial (Examinador de Patentes) no INPI.
Fontes:
Estadão Saúde
IOBD
Canal Dr Anicet Okinga
Links dos posts publicados ontem: