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Lidando com a dor: para cada paciente, um tratamento

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PANEL 1 – CONHECER: Lidando com a dor: para cada paciente, um tratamento. Dra. Ana Paula Santos

Conviver com a dor não é nada agradável, por isso a busca pelo melhor cuidado para o seu incômodo é importante

Os cuidados de cada paciente são individualizados para garantir que a terapia aconteça da maneira mais apropriada e eficiente para os tipos de necessidades dos indivíduos. Dessa forma, a Dra. Ana Paula Santos, médica anestesiologista com área de atuação em dor, conta no segundo painel TRATAR, apresentado em live do Congresso da Alemdii, como funciona a definição do tratamento.

Para definir qual é o melhor cuidado, diversos critérios são avaliados pelo médico responsável, que deve olhar não apenas o lado físico, mas também psicológico do paciente.

Cada paciente é diferente

Antes de tudo, é preciso ter em mente que não existe um remédio que vai funcionar para todos os pacientes. Dessa forma, o tratamento depende de cada pessoa. A Dra. Ana Paula Santos explica que quando comparam uma criança com um adulto, questionando qual dos dois tomaria 3mg ou 2mg de morfina, a criança recebe a menor dose. Contudo, a realidade difere é que a maior dosagem deve ir para a criança, que tem o metabolismo diferente.

“Não tem relação com altura e peso. Tem relação com o metabolismo. A gente calcula o peso, a idade, vários fatores, mas o metabolismo difere. Então, essa ideia da gente pensar que quando eu trato criança eu dou metade da dose do adulto, não. Depende da idade, depende da criança, depende de um monte de coisa. A gente já tem umas ideias que vem trazendo dentro da gente que estão erradas”, alerta a médica anestesiologista.

Mais um pensamento que não é totalmente correto é opinar sobre qual indivíduo tem mais dor. A especialista afirma que uma pessoa que sorri enquanto segura a parte dolorida do corpo pode estar com muita dor, porém, se acostumou a sentir o incômodo, pois sente de forma crônica. “E o paciente de dor crônica, infelizmente, aprende a viver com a dor, quando, na verdade, a gente não devia fazer isso”, diz.

O que é dor?

A dor é uma experiência sensitiva e emocional desagradável associada ou semelhante àquela associada, a uma lesão tecidual real ou potencial. Ou seja, se é sensitiva, podemos sentir. Já o componente emocional faz com que o incômodo atinja cada pessoa de forma diferente.

Para que um paciente defina a dor e assim ajude o médico a escolher o melhor tratamento, é preciso que haja uma descrição, comparação com uma escala que ajude a visualizar de forma mais compreensível. Dessa forma, como um médico que cuida de dor olha para ela?

Classificação

Temporalidade:

  • Aguda: dores que duram menos que três meses;
  • Crônica: quadros dolorosos com mais de três meses de duração;
  • Recorrente: como a cefaleia. Acontece a dor, usa medicamento e daqui a três meses volta a sentir dores. Dor que não é contínua, mas aparece com certa frequência;
  • Dor incidental/Breakthrough pain: comum em pacientes oncológicos. Tem um bom controle álgico e de repente um escape de dor alta.

“O nosso papel [médico] na temporalidade é batalhar no tratamento muito para quem tem dor aguda não acabe com a dor crônica. Não sofra de um fenômeno que se chama sensibilização central”, conta Santos. Se trata de mensagens repetidas pelo cérebro que afirmam que o órgão está machucado ou doendo. Dessa forma, a dor se torna crônica pelo próprio indivíduo.

Portanto, é preciso dar diversos remédios para poder apagar essa dor e fazer com que o organismo esqueça que esse machucado existe.

Divisão da dor

Intensidade:

  • Fraca;
  • Moderada;

A Dra. Ana Paula Santos pontua que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, para trabalhar a intensidade da dor é feito o uso de medicações como analgésicos. Então, é preciso definir o quanto dói.

“Usamos escalas para isso. Quando você vai ao hospital é muito comum ouvir: ‘Qual é a nota que você dá para a dor? Sendo 0 como não sinto dor nenhuma e 10 a pior dor que possa imaginar’. Você fala que sua nota é 7 e nós vemos que é um incômodo moderado. Se a nota for 8, é forte. Nota 3 é fraca”, explica.

A classificação acontece da seguinte maneira: de 1 a 3 é fraco, 4 a 7 moderado e 8 a 10 forte. Mesmo assim, alguns pacientes não conseguem definir a nota, o que é resolvido com outras possibilidades: escalas visuais, feitas com cores sendo branco o mais leve e vermelho o mais intenso, ou então comparação com tamanhos de frutas, como uvas e melancias.

Definição de remédios e tratamentos

A “escada” dos medicamentos define qual é o tipo de remédio que cada indivíduo deve tomar.  “O primeiro degrau é sempre para quem tem dor fraca. Então, ‘remédio fraco’, que é: paracetamol, dipirona, anti-inflamatório, não opióides e adjuvantes. Remédios para dor moderada são: o tramal, tylex, opióides para dor leve e moderada + adjuvantes. Em dores fortes entre o grupo da morfina, que é o remédio mais fraco desse bloco. Quando nada disso funcionar vamos partir para os bloqueios, as bombas de infusão de medicação”, conta. Sendo eles:

Bloqueios e PCA

  • Guiados por USG;
  • Guiados por escopia;
  • Implantes de bombas intratecais;
  • Cirurgias neuro ablativas;
  • Implantes neuroestimuladores;
  • Bombas de PCA venoso, peridural.

Vias medicamentosas

Então, chega a hora de saber por onde cada remédio será aplicado. A vida oral é a mais simples e efetiva, sendo o menor potencial para causar dor no paciente ao engolir os comprimidos ou gotas. Outra opção é a via transdérmica, sendo assim, medicamento aplicado através de patches colados na pele.

A parte endovenosa é feita quando o remédio é tomado através da veia, comumente usado em hospitais. Subcutânea e intramuscular para algumas pessoas é doloroso, mas também são comuns (injeções como a benzetacil). Outros métodos que vão causar absorção variável são via retal, sublingual e intranasal. Por fim, a intra-óssea é uma situação de emergência e exceção rara.

Uma questão necessária para que o tratamento tenha eficácia é respeitar o tempo de tomar cada dosagem dos remédios receitados pelos médicos. “Nós temos muitas possibilidades de tratar uma pessoa. Não dá para ficar falando que tem que se acostumar com a dor. A gente não precisa e não pode ser assim”, tranquiliza Dra. Ana Paula Santos.

Foco na qualidade de vida

“Além disso, os tratamentos não farmacológicos são extremamente importantes. São as terapias físicas, terapias integrativas, psicologia e espiritualidade. Na realidade, para tratarmos a dor precisamos tratar a pessoa. A analgesia tem que ser multimodal e ela tem que ter a pessoa no centro dela. Quando eu faço isso eu vou somar tudo o que eu tenho de qualidade para oferecer para essa pessoa a normalização da sua vida”, ressalta a médica anestesiologista.

Ela conta que isso é importante, pois o paciente que convive com a dor crônica deixa de sair de casa, de ir viajar e perde sua qualidade de vida. A dor não é o único ponto que deve ser levado em consideração. Por fim, opções que também englobam o tratamento são a dieta, suplementos, tratamento do emocional e usar a medicação apenas quando preciso. Portanto, é essencial olhar para o paciente de forma física, emocional e social.

Assista a palestra da Dra Ana Paula Santos:

Tradução »

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