A Sexualidade deve ser vista como um dos marcadores da qualidade de vida
As dificuldades e mudanças na sexualidade vivenciadas pelos pacientes com Doenças Inflamatórias Intestinais são complexas e desafiadoras e, justamente por isso, a abordagem multidisciplinar e a confiança entre o paciente e a equipe de saúde são extremamente importantes para o adequado manejo da doença e de suas repercussões.
A enfermeira do Ambulatório Multidisciplinar de Doenças Inflamatórias Intestinais do HCFMB, Jaqueline Ribeiro de Barros, mestre e doutoranda pelo Programa Fisiopatologia em Clínica Médica da FMB-UNESP, acrescenta que o profissional da saúde deve compreender qual o significado da palavra sexualidade para o paciente e abordar o tema durante a consulta, lembrando que não se restringe ao ato sexual, mas também envolve o carinho, a masturbação, o prazer, a companhia e, acima de tudo, o respeito entre as pessoas. “Devemos estar atentos às necessidades dos pacientes abordando todos os aspectos da doença, sejam físicos, emocionais ou sexuais, sempre buscando minimizar o impacto que a DII traz para a vida pessoal deles”, acentua.
“Os temas envolvidos com o relacionamento interpessoal, a intimidade sexual e emocional, a autoimagem e a atividade sexual devem ser abordados com todos os pacientes e, principalmente, com aqueles que convivem com uma doença inflamatória intestinal”, orienta a médica gastroenterologista Ligia Yukie Sassaki, professora doutora da disciplina de Gastroenterologia e Nutrição do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (FMB-UNESP) e coordenadora clínica do Ambulatório Multidisciplinar de Doenças Inflamatórias Intestinais do Hospital das Clínicas de Botucatu (HCFMB).
Além da questão física, a maioria dos pacientes relata dificuldades relacionadas à presença de diarreia, dor abdominal, perda involuntária de fezes e indisposição, assim como doença perianal como fístulas, fissuras e abscessos, às vezes com saída de secreção purulenta e sangramento.
“A fadiga é outro sintoma comum entre os pacientes e muito incapacitante, não só para a atividade sexual como também para todas as atividades da vida diária”, relata a médica Ligia Yukie Sassaki.
A dificuldade em encontrar um parceiro é mais uma questão frequentemente relatada pelos pacientes, porque a doença pode limitar a vida social e os relacionamentos afetivos, principalmente na fase de atividade clínica.
Por tudo isso, o parceiro precisa compreender e aceitar as limitações que a doença pode causar na vida do paciente, entender a necessidade do tratamento contínuo e apoiá-lo em todos os momentos da doença.
Fonte: Revista ABCD em Foco Edição 66.